O mês de janeiro é marcado pela passagem do aniversário das Ligas Camponesas, que este ano celebra 68 anos. Para marcar o registro histórico, a Secretaria de Cultura, Turismo e Economia Criativa da Prefeitura da Vitória de Santo Antão, em parceria com o Memorial Francisco Julião e a Câmara de Vereadores, promoveu uma programação especial, com a realização de dois eventos.
O primeiro aconteceu na noite da sexta-feira (06/01), no plenário da Câmara de Vereadores, com exposição fotográfica, exibição de documentário e relatos sobre o movimento agrário que marcou a história do município. Já no domingo (08/01), foi a vez do Engenho Galileia receber o evento. Durante as atividades, realizadas na Biblioteca José Ayres dos Prazeres, o público contou com serviços ofertados pela Secretaria de Saúde e Bem-Estar e pela Secretaria de Assistência Social, Juventude e Cidadania. Palestras, pronunciamentos de autoridades, e a apresentação da Orquestra do Centro Musical da Vitória (CEMUVI) também complementaram o momento festivo.
“A nossa ideia é promover um evento que exalte a história do berço da Reforma Agrária no Brasil e valorize o Engenho Galileia como patrimônio cultural. Isso é de fundamental importância para o fortalecimento da história vitoriense e para dar visibilidade à comunidade, podendo impactar os moradores nas áreas da saúde, educação, habitação e geração de renda, destacou Lázaro Santos, diretor da Seculte.
A liga de Galileia é o berço da reforma agrária no Brasil. A Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco (SAPPP) foi legalmente constituída em 1955, pelos moradores arrendatários da localidade, onde viviam e trabalhavam cerca de 140 famílias. O movimento social, organizado pelos trabalhadores do campo como forma de mobilização para garantir direitos fundamentais, como saúde, terra e trabalho, buscavam antes de tudo, a dignidade da pessoa humana. Eles obtiveram vitória na Justiça em 1958, naquela que seria apontada como a primeira desapropriação legal para fins de reforma agrária no Brasil. A vitória reverberou entre camponeses de Pernambuco e em estados vizinhos.
Anacleto Julião, filho de Francisco Julião, advogado e deputado estadual que foi um dos líderes do movimento, participou do evento e destacou a importância da iniciativa. “O sentimento é de reconhecimento de um cidadão brasileiro que se inseriu na luta pela fé, pelas leis e instrumentos de direitos dos trabalhadores do campo“, disse. Zito da Galileia, testemunha da época e guardião da biblioteca, também frisou a iniciativa. “Eu me sinto prestigiado porque vejo pessoas desejosas de conhecer a história e pessoas que desejam para si, para seus filhos, para seus netos, porque todos um dia vamos precisar saber porque nasceu o movimento dos camponeses”, afirmou.