A Cidade
Atenção: Os textos e imagens desta página foram extraídos do livro “História da Vitória de Santo Antão” dos autores Pedro Humberto Ferrer de Morais, Maria de Fátima dos Santos Alves e Savana Tavares dos Santos.
A obra foi incluída pela Secretaria de Educação da Vitória no ensino didático da rede municipal para que desde cedo os alunos mantenham contato com a nossa história.
PERFIL DA CIDADE DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO
A cidade da Vitória de Santo Antão, localizada no planalto Borborema, encontra-se a 48 km do Recife, a uma altitude média de 157 metros acima do nível do mar. Sua população é estimada em 130 mil habitantes.
Seus 372 km2 de área, que se distribuem entre a mata úmida e a mata seca, fazem limites com os seguintes municípios: ao norte, com Glória do Goitá e Chã de Alegria; ao sul, com Escada; ao sudoeste com Primavera; a nordeste com São Lourenço da Mata; ao leste com Moreno e Cabo e ao oeste com Pombos.
As regiões limítrofes à Glória do Goitá e Pombos, próximas ao agreste, apre- sentam-se mais áridas, enquanto as localizadas ao leste e sul são mais úmidas. Sua topografia apresenta-se irregular, com aspecto ondulado e montanhoso. Do ponto de vista geológico, todo território municipal, é constituído por rochas cristalinas da idade pré-cam- briana.
Sua vegetação é do tipo floresta sub-perenifólia ou seja, uma vegetação exuberante, composta de árvores com caules retilíneos, altas e detentoras de grande número de folhas sempre verdes, todavia, a ocupação desenfreada destruiu praticamente sua mata atlântica original, restando, hoje, pequenos e reduzidos núcleos.
O município da Vitória de Santo Antão concentra importantes bacias hidrográficas da zona da mata do Estado. Seus principais rios são:
Itapacurá: nasce na Serra das Russas, no município de Gravatá. É o mais importante afluente do Rio Capibaribe. Corta a área urbana da cidade e recebe como afluentes os riachos: Natuba, Ronda, Pacas e Mocotó. No verão sua vazante é pequena, agigantando-se no inverno, devido às chuvas, quando chega a provocar grandes cheias que causam transtornos e prejuízos à população ribeirinha e às casas comerciais do centro da nossa cidade. Para reduzir o impacto das cheias o governo construiu no seu leito, próximo ao Monte das Tabocas, uma grande barragem que serve ainda para abastecer de água a população da região metropolitana. Atualmente, nosso principal rio, encontra-se ecologicamente em deplorável estado, consequência das inúmeras agressões que ocorrem em todo seu curso. Os que o utilizam fazem do seu leito um depósito de dejetos de toda ordem;
Pirapama: tem suas cabeceiras no município de Pombos;
Jaboatão: com seus 75 Km., origina-se no engenho Pacas.
Ipojuca: não corta o território do município, serve, todavia, de limite com o município de Primavera.
Como era de se esperar, por se encontrar incrustada na zona da mata, Vitória de Santo Antão, tem um clima quente úmido, com temperaturas que oscilam entre 15° C. e 34°C. Apresenta uma precipitação pluviométrica anual média, de 1.850mm., sendo abril, maio, junho e julho os meses mais chuvosos.
Dinâmico polo econômico da região, cujo raio de influência se estende a 15 municípios vizinhos, Vitória de Santo Antão tem uma sólida economia baseada na agricultura, na indústria, no comércio e na prestação de serviços.
Sua atividade agrícola baseia-se no cultivo de hortaliças, de verduras, de tu- berosas (macaxeira, mandioca e batata doce) e de cana-de-açúcar. A cultura dos produtos horti-frutu- granjeiros, que abastecem Recife e cidades circunvizinhas, ocupa três polos principais: Natuba, Pirituba e Outeiro. Já a cultura da cana-de-açúcar localiza-se, sobretudo, nas regiões sul e leste, mais favoráveis, pela umidade, a este tipo de atividade.
No setor industrial, várias fábricas constituem seu polo industrial: o Engarrafamento Pitú, o Grupo JB, a Owens Illinois, a BRF, Metalfrio Solutions SA, Elcoma Computadores, MC Bauche-mie Brasil, Mondelez, Roca, Tintas Anjo, Betel Fardas, Igui Piscinas, Metal Módulos do Nordeste Ltda, Converplast Embalagens do Nordeste Ltda e Isoeste Construtivos Térmicos.
Seu comércio é bastante diversificado, apresentando ainda às sextas e sábados uma grande feira livre, onde os munícipes e visitantes encontram diversificados produtos agrícolas e artesanais.
Demonstrando sua pujança, Vitória de Santo Antão tem 6 agências bancárias: Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Santander e Itaú.
Mas, é no setor educacional que a cidade vem se destacando nos últimos anos, concentrando na atualidade, seis núcleos de Ensino Superior: Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), UNIVISA, UNIFACOL, FAMAM e a FNH.
No nível secundário, destaque para a IFPE, antiga Escola Agrotécnica Federal e as escolas de preparação de técnicos em Enfermagem. O governo estadual mantém em Vitória de Santo Antão 13 estabelecimentos de ensino médio. A prefeitura tem uma rede de 60 estabelecimentos que atendem o ensino fundamental.
Paralelamente aos educandários públicos, há uma grande quantidade de escolas particulares, que atendem satisfatoriamente nossas crianças e adolescentes. Destaque para: Colégio Bel. Mário Bezerra da Silva, Colégio Nossa Senhora da Graça, Novo Milênio, Potencial, Projeção, Radar, Santo Inácio e Diogo de Braga.
No setor cultural seis entidades, entre as públicas e as privadas, preservam, pesquisam e divulgam nossa cultura e tradição: Instituto Histórico e Geográfico, Museu do Carnaval, Casa de Cultura Osman Lins, Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciência, VidArt e Cia. dos Dez.
No setor de assistência pública à saúde, Vitória de Santo Antão está servida pelo Hospital Estadual João Murilo e por 46 estabelecimentos de sáude (SUS). Na assistência particular, além de modernas clínicas, apresenta os hospitais: Santa Maria e APAMI.
Comunicação
Nossa progressiva cidade oferece aos vitorienses, como opções de lazer e de informações, três emissoras de rádio e dois canais de televisão: TV Vitória, TV Nova Nordeste, Vitória FM, Tabocas FM e Atual FM. Completando o serviço de informação e de divulgação temos revistas e jornais: Revista do Instituto Histórico e Geográfico, Revista Total, Jornal a Verdade, O Vitoriense – órgão oficial do Instituto Histórico, Jornal da Vitória, Blog Nossa Vitória, Blog do Pilako e Blog A Voz da Vitória.
Desportos
Várias quadras e campos, para práticas desportivas, espalham-se pela cidade. Destaque maior para o Estádio Carneirão com capacidade para dez mil espectadores, onde nossas duas melhores equipes, Acadêmica Vitória e Vera Cruz, integrantes da Federação Pernambucana de Futebol Profissional, exibem- -se para seus aficionados.
Administração
Como reza a Constituição Federal nosso município é administrado pelos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
O Executivo é exercido por um Prefeito e um Vice-Prefeito.
Fazendo parte da administração municipal, o Poder Legislativo, assessora, legisla e fiscaliza o Executivo.
Nossa Câmara Municipal, está composta por dezenove vereadores.
O Poder Judiciário, que julga e fiscaliza a aplicação das leis, tem como sede principal, o Fórum Severino Joaquim Krause Gonçalves. A cidade apresenta duas Varas Criminais, três Varas Cíveis, um Juizado Especial Civil e Criminal e uma Vara do Trabalho.
Lazer e Gastronomia
No setor de lazer e de gastronomia, Vitória de Santo Antão oferece várias opções. Bons restaurantes, com variada cozinha típica e regional. Como festa popular, registramos o carnaval, a manifestação mais tradicional e estonteante da cidade. Vitória de Santo Antão mantém vivo seu esplendoroso e diversificado carnaval, do qual participam mais de cem agremiações, entre elas “O Camelo”, “O Cisne”, “O Leão”, “A Girafa”, “A Cebola Quente” “A Zebra” “O Boi Vitória”, “Taboquinha”, “Urso Branco”, “É Tesão” etc. Outra tradição da cidade são as festas juninas com suas fogueiras, fogos, comidas típicas, quadrilhas e forró pé de serra.
Religião
Vitória de Santo Antão é uma cidade essencialmente religiosa e tradicionalmente cristã, com predominância de católicos romanos e evangélicos. Os católicos distribuem-se por várias paróquias: Santo Antão (padroeiro da cidade), Nossa Senhora do Livramento, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora do Amparo e São Vicente de Paulo. Entre as manifestações religiosas católicas merece destaque a festa de Santo Antão, que acontece no dia 17 de janeiro. Nesta data comemora-se efusivamente o padroeiro com secular procissão que teve início em 1626, com certeza a mais antiga do Brasil.
BATALHA DO MONTE DAS TABOCAS. NATIVISMO E SENTIMENTO DE PÁTRIA
Mais um pequeno texto extraído de um importante documento histórico, “História da Guerra de Pernambuco”, escrito por Diogo Lopes Santiago, cronista português que viveu em Pernambuco, por ocasião da batalha do Monte das Tabocas:
“O alto Monte que chamam de Tabocas, tão afamado no tempo presente, como o será no futuro, pela milagrosa vitória alcançada nele, está no sertão e dista do Recife nove léguas para o poente por cuja parte o rega um rio, chamado Ta- pacurá”.
Chegaram os soldados, que uns eram da Bahia, outros da terra, os mais práticos naquelas paragens, que o sargento-maior havia mandado buscar o sítio, dizendo que o tinham achado conforme se havia mister, que era um monte alto e empinado, que estava légua e meia de distancia de uma ermida de Santo Antão para baixo, para a parte do sul, donde está um tabocal, quero dizer canavial de canas bravas, que o sargento-maior tinha bom conhecimento por haver estado nele, quando em outro tempo andava com sua tropa em campanha, e dizendo ao governador João Fernandes Vieira ser o melhor sítio” (observação: o sargento-maior era Antonio Dias Cardoso).
Assumiu a liderança da resistência pernambucana o senhor de engenho, João Fernandes Vieira, aclamado “governador da liberdade,” por seus companheiros de luta. Após alguns revezes impostos aos invasores, João Fernandes Vieira tor- nou-se o alvo principal dos holandeses que queriam prendê-lo a todo o custo.
Para escapar dos inimigos, João Fernandes Vieira, escondia-se no interior, mudando sempre de endereço.
Em junho de 1645 os holandeses armaram-se e saíram em perseguição ao chefe das nossas tropas. Partindo do Recife, eles ingressaram por São Lourenço da Mata, em busca de João Fernandes Vieira, que procurou fugir do inimigo.
Retirando-se mais para o interior nossas tropas chegaram ao Monte das Tabocas, assim chamado, por haver em suas encostas imenso tabocal.
Escondido no Monte com seus soldados e reforçado pelos índios aliados, João Fernandes Vieira, auxiliado pelo sargento-mor Dias Cardoso, experiente em guerrilhas de emboscadas, traçou um inteligente e perfeito plano de combate para enfrentar aos holandeses.
Na manhã de três de agosto as sentinelas brasileiras anunciaram a aproximação das tropas holandesas que vinham com toda fúria, tendo à frente uma multidão de índios. Vieira reuniu seus soldados e a eles se dirigiu com tom resoluto proferindo fortes palavras: “a sorte da nossa causa depende deste primeiro combate”. A causa, era a libertação de Pernambuco.
Uma hora da tarde do dia 3 de agosto de 1645, ocorreu a grande batalha. Os luso-brasileiros, usando a tática de emboscadas, atacavam e se afastavam, fugiam e investiam, atraindo e empurrando os invasores para dentro do tabocal. Resistindo e ludibriando os holandeses, nossos bravos soldados combateram ferozmente. Em um segundo momento eles conseguiram transpor o tabocal e marcharam em direção ao alto do monte, onde estava a força reserva de João Fernandes Vieira. Ferozmente nossa tropa caiu sobre o inimigo e após fortes combates, que duraram até ao anoitecer, nossos soldados conseguiram derrotar os holandeses que aproveitaram a escuridão da noite e fugiram apavorados sob torrencial chuva.
Narra a tradição, que durante os fortes combates, surgiram uma senhora com uma criança no braço, tendo ao lado um ancião barbudo com um cajado e eles além de alento, forneciam armas aos nossos bravos soldados. De acordo com a crença popular, seriam, Nossa Senhora com o Menino Jesus e Santo Antão. Essa mística narrativa, que só a fé explica, justifica a frase: “Em Tabocas, o céu e a terra uniram-se para gerar o Brasil”
No outro dia ao amanhecer, vendo que o inimigo havia realmente fugido, nossos bravos heróis, de joelhos, agradeceram a Deus e à Virgem de Nazaré, e gritaram três vezes em alta voz: “Viva a fé de Cristo e a liberdade. Vitória, vitória, vitória”. E logo, o grande chefe, João Fernandes Vieira, com o chapéu na mão, foi abraçando a todos os capitães e soldados, agradecendo-lhes e louvando-lhes o esforço e a coragem.
Nosso pequeno exército em formação, constituído de homens descalços, sem armamentos adequados, lutando com amor, de peito aberto, bateu as bem treinadas e bem armadas tropas holandesas.
A batalha do Monte das Tabocas, foi um marco na campanha da insurreição pernambucana. “Sem Tabocas, não haveria Guararapes”. Em Tabocas, germinou em nossa gente, o sentimento nativista e de pátria. Ali, originou-se o embrião do exército brasileiro.
O acelerado progresso da Freguesia de Santo Antão da Mata saltava aos olhos de todos, principalmente do Governador da Província, capitão-general Caetano Pinto de Miranda Montenegro, que recomendou ao Príncipe Regente Dom João VI, sua elevação à categoria de vila. Em 27 de julho de 1811, por decreto real, foi promovida à vila, sendo instalada oficialmente, no dia 28 de maio de 1812, por ocasião da edificação e inauguração do pelourinho, no pátio da Matriz. Como vila, adquiriu a autodeterminação político administrativa. Foram instaladas, a câmara de vereadores e a comarca e construída uma cadeia. Adquiriu ainda o direito de baixar as leis municipais e cobrar os impostos.
Transcrição do alvará de 27 de julho de 1811:
“Alvará criando em Vilas as quatro Povoações, Cabo de Santo Agostinho, Santo Antão, Pau do Alho e Limoeiro, na Comarca de Pernambuco”.
“Eu o Príncipe Regente Faço saber aos que este Alvará lerem: Que sendo-Me presente, em conta que deu o Ouvidor da Comarca de Pernambuco, e informação, que sobre ela Mandei tomar pelo Governador e Capitão General da mesma Capitania, quanto convinha ao Meu Serviço, e aos bens dos povos, o erigir em Vilas algumas das Povoações daquele continente que pelo aumento de sua população, e meios de subsistência dos seus habitantes, se faziam merecedores de obterem aquela graduação, e privilégios do que resultava aos seus moradores a mais pronta administração da Justiça, e maior segurança interior em se poderem coibir melhor os delitos.
Sou servido criar em Vilas as quatro Povoações, Cabo de Santo Agostinho, Santo Antão, Pau do Alho, Limoeiro, cada uma das quais terá Câmara composta de dois Juizes Ordinários, três Vereadores e um Procurador, e elegerá dois Juizes Almotacéis, os quais todos se regularão para a governança das mesmas Vilas pelos Regimentos, e norma prescrita nas Ordenações e Leis do Reino. O Termo da Vila de Santo Antão compreenderá os distritos das duas Freguezias de Santo Antão e de São José dos Bezerros.
– Registrado na Secretaria do Desembargo do Paço do Rio de Janeiro, em o livro I dos Decretos, a folhas 110, e publicado pela Imprensa Régia”.
Cidade
A emancipação político-administrativa impulsionou mais ainda o desenvolvimento da nova vila. No dia 6 de maio de 1843 foi elevada à categoria de cidade, pela lei provincial n° 113 sancionada pelo Barão da Boa Vista, então Presidente da Província de Pernambuco. A partir dessa data ficou oficialmente conhecida como “Vitória” em homenagem à vitoriosa batalha travada contra os holandeses no Monte das Tabocas.
Lei n. 113 sancionada no dia 6 de maio de 1843, pelo Presidente da Província, o Barão da Boa Vista.
“Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembléia Legislativa Provincial decretou e eu sancionei a lei seguinte:
Artigo único – Fica elevada à categoria de cidade de Santo Antão, com a denominação de Cidade da Victoria, em comemoração da batalha ganha pelos pernambucanos nas suas imediações sobre as forças holandesas.
Ficam derrogadas todas as Leis e disposições em contrário”.
Entre os dias 18 e 20 de dezembro de 1859 Vitória transformou-se no Paço Imperial ou seja abrigou nesse período a Família Imperial: o Imperador Dom Pedro II, sua esposa a Imperatriz Dona Teresa Cristina e alguns cortesãos.
Chegaram ao Recife em navio, de onde seguiram para Vitória. Sua majestade o Imperador D. Pedro II viajou a cavalo e a Imperatriz D. Teresa Cristina em diligência, como era de costume na época.
A notícia da visita do casal Imperial à Vitória mobilizou a cidade. As autoridades e a sociedade locais empenharam-se e uniram-se para um verdadeiro mutirão de limpeza e organização pública. Todos os moradores, além de pintarem suas casas, as mantiveram iluminadas durante as noites em que a Família Imperial aqui permaneceu. Para hospedar a Família Imperial foi preparada a melhor e maior casa no centro da cidade, na antiga Rua do Meio, hoje Rua Imperial, onde funciona o Instituto Histórico e Geográfico da Vitória. A casa foi decorada com móveis de alto nível para que ali se hospedasse o casal Imperial.
A comitiva da Família Imperial partiu bem cedo do Recife, às seis horas da ma- tina. Às nove horas, chegou ao engenho Moreno, que fica próximo ao atual Posto da Polícia Rodoviária Federal, onde seus membros foram recepcionados pelos proprietários com um lauto almoço. No final da tarde a comitiva real retomou a estrada a caminho da Vitória.
0 Imperador escreveu um diário de viagem. Em seu diário, Ele descreve alguns trechos do caminho, chamando-lhe a atenção a ponte sobre o rio na entrada da cidade: “Itapacurá com uma ponte assaz grande e que me pareceu em bom estado sobre o rio do mesmo nome. Pouco depois chegamos à Victoria antigamente Santo Antão já noite, e fomos para a casa da Câmara, que é térrea e tinha poucas acomodações.”
Por volta das 19 horas e meia, eis que surgiu a comitiva de sua Majestade Imperial. Muitos gritos de “viva ao Imperador” foram ouvidos. 0 céu se iluminou com as girândolas, o chão es- trondava com a salva de 21 tiros manipulada por um pelotão de artilharia. Muitas e variadas comemorações. O Imperador saudou todo o povo, cumprimentou as autoridades, mas devido à cansativa viagem pediu que adiassem as homenagens para o dia seguinte.
Na manhã do dia 19, às 11 horas, em grandiosa solenidade, o Imperador D. Pedro II recebeu a chave da cidade. Depois da solenidade o Imperador foi conhecer as igrejas e as escolas, observando o aprendizado dos alunos. Percorreu o comércio, visitou prédios públicos etc. Em seguida, deslocou- -se para o Monte das Tabocas, ponto e razão principal da sua viagem à Vitória.
O Imperador Dom Pedro II ficou satisfeito com a visita à Vitória, apesar de ser uma cidade carente e cheia de problemas. Sua Majestade Imperial, D. Pedro II, antes de deixar Vitória, fez algumas doações em dinheiro. Recomendou várias construções, entre elas, a de um açude para o abastecimento de água à população e a reforma da ponte nas proximidades do Engenho Bento Velho, para melhorar o acesso à cidade, além de destinar uma parte da doação para as escolas. A visita de SS. MM. Pedro II foi um dos acontecimentos mais importantes da história da cidade.
A GUERRA DO PARAGUAI E MARIANA AMÁLIA
A Guerra do Paraguai é um assunto que provoca forte polêmica, pois são várias as versões. Umas defendem que o culpado pela guerra foi o presidente do Paraguai Francisco Solano Lopes, considerado um ditador. Outras acusam a Inglaterra, que usou o Brasil, a Argentina e o Uruguai para destruir a economia paraguaia.
O Paraguai, Uruguai e Argentina formam a Região Platina, composta pelos rios Paraná, Paraguai e Uruguai. Uma região marcada por intensa atividade econômica desde o período colonial, sendo por isso bastante cobiçada, inclusive pelo Brasil.
Para o Paraguai, o Rio da Prata significava a única via para o Atlântico, enquanto para o Brasil, era o acesso para a província do Mato Grosso.
O Paraguai vivenciava para a época, um relativo desenvolvimento socioeconómico, iniciado no governo de José Gaspar de Francia e fortalecido por seus sucessores. Na verdade, havia um projeto de crescimento econômico para o país. Indústrias, estradas de ferro, redistribuição de terras, e severo combate ao analfabetismo. Precisando expandir sua economia, buscava uma saída que lhe possibilitasse o domínio de uma área portuária. Essa pretensão foi determinante para as ações agressivas entre os vizinhos.
A Argentina, o Brasil e o Uruguai, influenciados pela Inglaterra formaram a tríplice Aliança desde 1864.
Em 1865, por ordem de Francisco Solano Lopez, foi detido o navio brasileiro, Marquês de Olinda, em águas paraguaias. Foi a gota d’água que faltava para a declaração de guerra.
O combate foi longo e terrivelmente violento. Na batalha de Tuiuti, por exemplo, em 1866, estima- -se que foram mortos 10 mil homens. Quem comandou essa batalha foi o general brasileiro Manoel Luís Osório, substituído por Luís Alves de Lima e Silva – o Duque de Caxias, que por sua vez passou o comando ao conde D’Edu, após a conquista de Assunção, capital do Paraguai.
A guerra chegou ao fim com a morte de Solano Lopez, o dia Io de Março de 1870. No decorrer da guerra, em virtude da necessidade de aumentar o efetivo do exército aliado, o governo imperial criou o grupo denominado voluntários da pátria. A convocação correu toda a nação.
Em Pernambuco, por iniciativa do presidente da província, o Diário de Pernambuco publicava uma nota convocando os pernambucanos à guerra.
Em Vitória foi criada uma comissão para receber as inscrições. Inscrevemos 69. A partida deles, em março de 1865, para o Recife, foi marcada por muitas festas. As ruas foram enfeitadas e iluminadas. Até mesmo um arco foi erguido na Rua Imperial para o desfile dos voluntários.
Ao desfile, seguiu-se a celebração da missa na matriz de Santo Antão e uma refeição na câmara. Discursos, brindes e vivas ao Brasil e ao Imperador. Antes de partirem voltaram à Igreja, onde, prostrados beijaram a imagem do padroeiro.
Junto aos bravos voluntários, uma jovem integrava o batalhão, era Mariana Amália do Rêgo Barreto, descendente de família ilustre, com projeção no meio social e político.
Nascida na cidade da Vitória, em 17 de Janeiro de 1846, filha do capitão Joaquim Pedro do Rêgo Barreto, sobrinha do tenente-coronel Manuel Joaquim do Rêgo e prima de Francisco do Rêgo Barros- o conde da Boa Vista.
No dia 12 de Setembro de 1865, com apenas 19 anos, apresentou-se com seu irmão Sidrônio Joaquim do Rêgo Barreto ao conselheiro Lustosa Paranaguá para se alistar no Batalhão de Voluntários da Pátria. Ele como combatente e ela como enfermeira no hospital de sangue.
No discurso de despedida, ela dirigiu aos vitorien- ses as seguintes palavras: “Adeus meus conterrâneos, vou para guerra, sem descer de minha dignidade e sem ultrajar minha honra, saberei cumprir as obrigações de soldado e enfermeira. Espero que não me esqueçam jamais”.
A notícia de tão admirável abnegação causou grande entusiasmo na cidade da Vitória, seu berço natal.
O presidente da província, louvando uma ação tão nobre e humanitária, permitiu a jovem vitorien- se usar o uniforme militar e as insígnias de primeiro cadete.
No dia 29 de Abril de 1866, a fragata São Francisco, deixou o Porto do Recife em direção ao Rio de Janeiro, conduzindo o primeiro contingente de Voluntários da Pátria da província de Pernambuco.
A Hecatombe foi uma peleja ou disputa política ocorrida em nossa cidade no dia 27 de junho de 1880.
No Segundo Império, dois partidos se alternavam no poder, o Partido Liberal e o Partido Conservador. No ano de 1880 era o Partido Liberal que liderava o governo do Imperador Dom Pedro II.
Em Pernambuco, como era de se esperar, o Governo Imperial apoiava o Partido Liberal, que estava dividido em duas correntes. Uma, seguia a orientação do Governo Central, e era dirigida pela família Sousa Leão, sendo seus partidários conhecidos como os “liberais leões”; a outra corrente não era tão ligada ao Governo Imperial e era conhecida por “liberais democratas”.
Na cidade da Vitória as duas fileiras tinham ferrenhos adeptos, sendo que os democratas eram maioria.
Comandava os “libe- rais-leões” em Vitória, o Juiz Municipal, Dr. Nicolau Rodrigues da Cunha Lima. Ao lado do Dr. Nicolau Rodrigues congregavam-se alguns proprietários de engenhos: José Francisco Pedroso de Carvalho (engenho Gameleira), Álvares dos Prazeres (engenhos Canha, Barra e Miringabas), Joaquim Pessoa César da Cunha (engenho Jundiá), José Cavalcanti Wanderley (engenho Pombal). Além desses senhores de engenhos, alinhavam-se ao grupo, pequenos agricultores e alguns poucos eleitores residentes na cidade.
Os “democratas” contavam também com importantes membros da sociedade vitoriense, destacando-se entre outros: família Beltrão (engenhos Bento Velho, Galileia e Conceição), Dr. Ambrósio Machado da Cunha Cavalcanti (engenho Arandu
de Baixo), Manoel Cavalcanti de Albuquerque (engenho Cachoeirinha), João Cleófas de Lemos Vasconcelos (engenho Pirapama). Contava ainda com o apoio da maioria dos eleitores da cidade.
Dentro desse clima tenso, aproximava-se a eleição de junho, desta feita para escolher os vereadores e os juízes de paz.
Era a eleição mais importante, pois dela dependia a liderança política no Município.
Os “liberais-leões” solicitaram ao Presidente da Província um reforço policial, no que foram atendidos, ao mesmo tempo em que armavam os moradores dos engenhos Canha e Gameleira.
Vitória era, politicamente, um vulcão em ebulição.
No dia 27 de junho, véspera das eleições, os “liberais democratas” marcaram uma grande concentração na Praça da Matriz, de onde se deslocariam até ao Pátio dos Currais, localizado no bairro do Livramento.
Temendo a ação dos manifestantes e para impedir que eles tivessem acesso à Igreja do Rosário, onde ocorreriam, no dia seguinte, as eleições, o Dr. Nicolau Rodrigues, arquitetou um plano de defesa do templo. No dia 26, colocou os homens sob seu comando, em pontos estratégicos: nas esquinas, no pátio da frente e na calçada da igreja. Na realidade, sua intenção, não era a de proteger, nem a população, nem o patrimônio da Igreja do Rosário, mas sim tumultuar o processo eleitoral.
O Presidente da Província foi alertado a tempo, da melindrosa e perigosa situação, entretanto não tomou nenhuma medida que a amenizasse.
No dia 27, o Dr. Ambrósio Machado, seguido dos seus partidários e dos seus eleitores, deixou o engenho Arandu de Baixo, a caminho da Vitória.
Próximo à Ladeira de Pedras, incorporou-se ao grupo, o Major Lins, líder do Partido Conservador. Portavam flores verdes e amarelas e dois pavilhões imperiais, ao som de cornetas. Nas proximidades da cidade foram recepcionados por banda de música e inúmeros adeptos. Às 16 horas ingressaram no Pátio da Matriz, nele entrando pelo Beco do Rosário.
O Dr. Nicolau e o delegado estavam em pé, em frente à porta principal do templo, apoiados pela sua tropa. O Dr. Ambrósio apeou-se do cavalo e reclamou das atitudes parciais e ilegais do delegado. Enquanto Dr. Ambrósio dirigia suas reclamações ao delegado, o Senhor Belmino da Silveira, o Barão da Escada, montado em seu cavalo censurava o comportamento do Juiz Dr. Nicolau.
Dois tiros foram disparados, atingindo o Barão da Escada, que caiu morto. O Dr. Ambrósio foi também atingido por dois tiros e uma punhalada nas costas, sendo retirado do local, nos braços de companheiros. A multidão se rebelou e tentou invadir a Igreja, mas foram recebidos por fortes rajadas de tiros disparadas das. Mesmo levando nítida desvantagem os ”democratas liberais”, não se deixaram abater. Conseguindo, após forte combate, penetrar na igreja.
Já escurecia e correndo rumores da chegada de reforços em apoio aos opositores, as tropas dos “liberais-leões” abandonaram suas posições e trataram de fugir, procurando salvar suas vidas e escapar das garras da justiça.
Sessando o combate, contaram-se dezesseis mortos e dezenas de feridos. Entre os mortos figuravam: o Barão da Escada, os irmãos José e Pedro Leite dos Santos, José Pedro de Oliveira, Pedro Cavalcante de Albuquerque Sá
(irmão do Major Lins), Alexandre Rodrigues de Luna, todos eles, pessoas importantes do lado oposicionista.
Do lado dos “liberais-leões”, não morreu nenhuma figura de destaque.
No dia 28 de junho o fato foi manchete em jornais de todo país e assunto em todos os meios sociais.
A revolta tanto do povo, como de políticos foi geral.
No final do processo, nenhum dos membros da elite canavieira, envolvidos no embate, foi condenado.
Houve uma única condenação e essa caiu sobre um simples homem do povo.
O movimento, que se tornou nacionalmente conhecido, como Ligas Camponesas, originou-se no engenho Galileia, em nosso município. Na época, o engenho congregava 140 famílias de foreiros.
O movimento foi criado no dia Io. de janeiro de 1955 e autodenominou-se Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco (SAPPP).
As Ligas tinham como finalidade, prestar assistência jurídica e médica aos seus filiados e despertar nos camponeses a consciência dos seus direitos. Para defendê-los na Justiça, os representantes da SAPPP procuraram Francisco Julião Arruda de Paula, advogado em Recife, que foi posteriormente eleito deputado estadual e federal. O empenho de Francisco Julião, na Assembleia Legislativa, associado aos movimentos reivindicatórios das próprias Ligas, levaram o Governador Cid Sampaio a desapropriar o Engenho Galileia e dividi-lo em partes, destinadas às famílias dos foreiros. O caso repercutiu nacional e internacionalmente e deu notoriedade aos camponeses de Galileia e, ainda mais, transformou o primeiro núcleo das Ligas Camponesas no símbolo e na primeira experiência da reforma agrária no Brasil.
Monumento ao camponês
As Ligas congregavam uma ampla e diversificada categoria de trabalhadores rurais: foreiros, meeiros, arrendatários e pequenos proprietários, que produziam uma cultura de subsistência e comercializavam os excedentes.
Na sua luta de reivindicações, as Ligas sofreram influências de ativistas socialistas. Alguns bem intencionados, outros, simplesmente aproveitadores.
No dia 31 de março de 1964, eclodiu o golpe militar, desencadeado pelas Forças Armadas, que ocuparam o poder, demitindo o Presidente João Goulart e fechando o Congresso Nacional. Um forte movimento de repressão e perseguição varreu o País, atingindo a liberdade coletiva e individual. As Ligas Camponesas sofreram imediata intervenção do exército. Seus líderes foram presos, havendo até casos de torturas. Essa perseguição e repressão, destruíram o movimento, todavia o senso crítico e as reivindicações básicas ficaram impregnados nas mentes dos camponeses, que conhecedores dos seus direitos não seriam mais manipulados pelos latifundiários. Não seria exagero afirmar que as ligas camponesas de Galileia serviram de modelo para os atuais movimentos reivindicatórios do homem do campo.
Símbolo é uma imagem, um objeto ou expressão que representa valores concretos ou abstratos da cultura de uma comunidade. Vitória de Santo Antão tem dois símbolos: a Bandeira e o Hino.
A Bandeira
A Bandeira da Cidade da Vitória de Santo Antão, é um símbolo importante de nossa identidade. Foi idealizada pelo vitoriense Dr. Romero Conolly e aprovada pela Câmara dos Vereadores, através da Lei 1521, em 14 de julho de 1972, no segundo mandato do Prefeito José Augusto Ferrer.
Simbologia da nossa Bandeira:
- Os dois leões: A bravura dos pernambucanos;
- A esfera armilar: Nossa primeira arma;
- A cruz de malta: A origem portuguesa;
- O sol: Raios de liberdade;
- O círculo vermelho: O meridiano imaginário;
- Os louros: Nossas vitórias;
- As três armas: Homenagem às três raças que participaram da Batalha das Tabocas
- 3 de agosto de 1645: Reverência à Batalha do Monte das Tabocas
- 6 de maio de 1843: Data da elevação à categoria de cidade.
- O Monte: Local da Batalha.
O Hino
O Hino da Vitória de Santo Antão é outro símbolo da nossa identidade vitoriense.
Letra: José Teixeira de Albuquerque Música: Amadeu Serina
Vitória o nome teu somente encerra O desejo maior que tem um povo Quando eu ouço teu nome, oh minha terra! Sinto as veias arfando um corpo novo.
Entre as tuas irmãs de maior glória Apareces risonha e sobranceira. Escrevendo um capítulo da história De nossa amada terra brasileira.
No monte das Tabocas deu-te o norte De Fernandes Vieira a grande fama E o feito de Mariana, ingente e forte Atende à voz da Pátria que lhe chama.
Os campos teus floridos azulados Repetem pela aurora e no sol posto O grito de teus filhos denodados Que nos legaram o dia “3 de agosto”.
E os filhos teus cantando noite e dia Bem como outrora os bardos do Tabor, Vão levando braçados de alegria Para enfeitar, Vitória, o teu valor.
E se um dia um rincão pernambucano Precisar do meu sangue em teu favor Darei altivo como um pelicano E destemido como um lutador.
Cidade de Braga – Em 1626 O português Antonio Diogo de Braga, vindo da Ilha de Santo Antão do Cabo Verde (Portugal), fixou residência com seus parentes e edificou uma capela em homenagem a Santo Antão da Mata.
Santo Antão da Mata – Em 1774, a cidade de Braga foi chamada de Santo Antão da Mata, quando já tinha população estimada em 4866 habitantes. Aos sábados eram realizadas feiras livres, onde os moradores fabricavam seus produtos artesanalmente, para atender comboios que vinham do sertão de Minas para comprar esses gêneros.
Santo Antão da Mata, além de sua situação privilegiada em termos de cursos d’água, situava-se como ponto de passagem do caminho que de destinava ao São Francisco através do Vale do Mocotó. O povoado, nessa condição, deve ter tido um relevante papel comercial, no qual se destaca o fato de que “em suas feiras semanais, os tropeiros vendiam gado para o abastecimento de Olinda e Recife, além de rapaduras e mel (fabricados nas engenhocas da freguesia), pano de algodão, tecidos (em modestas oficinas domésticas) e etc.
Vitória de Santo Antão – Evoluindo sucessivamente da condição de povoação a freguesia, passando posteriormente à categoria de vila pelo alvará Régio de 27 de Julho de 1811, assinado pelo então Príncipe Regente D. João, a mesma foi oficialmente instalada em 28 de maio de 1812.
Do seu território, faziam parte as freguesias de Bezerros e Santo Antão, abrangendo uma grande extensão de terra. “correspondendo, hoje, as áreas ocupadas pelos municípios de Vitória de Santo Antão, Pombos, Chã Grande, Gravatá, Bezerros, Caruaru, Bonito, São Caetano, Sairé, Camocim de São Félix, São Joaquim, Barra de Guabiraba, Riacho das Almas e Cortês”.
Pela Lei Provincial nº113, de 6 de maio de 1843, sancionada pelo Barão da Boa Vista, então Presidente da Província de Pernambuco, foi elevada a Cidade, tendo seu nome mudado para Cidade da Vitória, em homenagem à batalha ganha pelos pernambucanos sobre os holandeses no Monte das Tabocas. Este nome porém, não permaneceu devido a existência de um decreto-Lei que proibia a existência de duplicatas na toponímia nacional.
Após muita discussão, foi definitivamente aceito e reconhecido o nome da Vitória de Santo Antão, em 31 de dezembro de 1943, pelo decreto-lei estadual nº 952, para município, comarca, termo e distrito.
A HISTÓRIA DA BANDEIRA DE VITÓRIA
A bandeira foi idealizada por Romero Conolly, Lei – 1521 em 14 de julho de 1972, aprovada pelo prefeito José Augusto Ferrer de Morais e o secretário de Educação, Guido Galvão de Vasconcelos.
As cores são azul e branca, estas cores simbolizam o sentimento de nossa fé;
Os dois leões: a bravura dos pernambucanos;
A esfera armilar: nossa 1ª arma que recebemos do D. Manuel após os feitos em Tabocas;
A cruz: a origem portuguesa;
O sol: raios de liberdade;
O circulo vermelho: o meridiano (imaginário);
Os louros: nossas vitórias;
As três armas: homenageiam as três raças, Henrique Dias, Felipe Camarão e André Vidal de Negreiros (heróis da Batalha das Tabocas).
Prefeito: Paulo Roberto Leite de Arruda
Vice prefeito: Edmo da Costa Neves Filho
Padroeiro: Santo Antão
Aniversário da cidade: 6 de maio
Fundação: 1811
Gentílico – vitoriense
Estado: Pernambuco
Mesorregião: Mata Centro
Microrregião: Vitória de Santo Antão
Municípios limítrofes: Glória do Goitá, Pombos, Moreno, Escada.
Solo: argiloso
Relevo: ondulado e montanhoso
Vegetação: floresta sub-perenifólia
Ocorrência mineral: feldspato, quartzo e mica
Precipitação pluviométrica média anual: 1.834 milímetros
Meses chuvosos: abril – julho
Distância até a capital Recife: 49 quilômetros
Área: 368 km²
Densidade: 341,2 hab./km²
Altitude: 147 metros
Clima: tropical atlântico
Fuso horário: UTC-3
População: 130.540 habitantes. Urbana: 99.344 hab. Rural: 21.925 hab.
Formação Administrativa
- Distrito criado com a denominação Vitória de Santo Antão, por alvará de 14-03-1783 e pela lei municipal nº 192, de 16-05-1914.
- Elevado à categoria de vila com a denominação de Vitória de Santo Antão, por alvará de 27-07-1811, desmembrado de Olinda. Instalado em 28 ou 29-05-1812.
- Elevado à condição de cidade e sede do município com a denominação de Vitória, pela lei provincial nº 113, de 06-05-1843.
- Pela lei municipal nº 168, de 15-06-1908, foram criados os distritos de Mocotó, Peri-perí e Pombos, criados também pela lei municipal nº 192, de 16-05-1914, e anexados ao município de Vitória.
- Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído de 4 distritos: Vitória, Peri-Perí, Mocotó e Pombos.
- Pelo decreto municipal nº 6, de 08-11-1930, o distrito de Pombos passou a denominar-se São João dos Pombos.
- Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de 3 distritos: Vitória, Peri-Perí e São João dos Pombos (ex-Pombos). Não figurando o distrito de Mocotó.
- Pelo decreto-lei estadual nº 235, de 09-12-1938, o distrito de Peri-Perí passou a denominar-se Pirituba o distrito de São João dos Pombos voltou a denominar-se Pombos.
- Pelo decreto-lei estadual nº 952, de 31-12-1943, o município de Vitória passou a denominar-se Vitória de Santo Antão.
- Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o município já denominado Vitória de Santo Antão é constituído de 3 distritos: Vitória de Santo Antão, Pirituba (ex-Peri-Perí) e Pombos (ex-São João dos Pombos). Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VII-1960.
- Pela lei estadual nº 4989, de 20-12-1962, desmembra do município de Vitoria de SantoAntão o distrito de Pombos. Elevado à categoria de município.
- Em divisão territorial datada de 31-XII-1963, o município é constituído de 2 distritos: Vitória de Santo Antão e Pirituba.
- Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
Alterações toponímicas municipais
- Vitória de Santo Antão para Vitória, alterado pela lei provincial nº 113, de 16-05-1843.
- Vitória para Vitória de Santo Antão, alterado pelo decreto-lei estadual nº 952, de 31-12-1943
BATALHA DO MONTE DAS TABOCAS. NATIVISMO E SENTIMENTO DE PÁTRIA
Mais um pequeno texto extraído de um importante documento histórico, “História da Guerra de Pernambuco”, escrito por Diogo Lopes Santiago, cronista português que viveu em Pernambuco, por ocasião da batalha do Monte das Tabocas:
“O alto Monte que chamam de Tabocas, tão afamado no tempo presente, como o será no futuro, pela milagrosa vitória alcançada nele, está no sertão e dista do Recife nove léguas para o poente por cuja parte o rega um rio, chamado Ta- picurá”.
Chegaram os soldados, que uns eram da Bahia, outros da terra, os mais práticos naquelas paragens, que o sargento-maior havia mandado buscar o sítio, dizendo que o tinham achado conforme se havia mister, que era um monte alto e empinado, que estava légua e meia de distancia de uma ermida de Santo Antão para baixo, para a parte do sul, donde está um tabocal, quero dizer canavial de canas bravas, que o sargento-maior tinha bom conhecimento por haver estado nele, quando em outro tempo andava com sua tropa em campanha, e dizendo ao governador João Fernandes Vieira ser o melhor sítio” (observação: o sargento-maior era Antonio Dias Cardoso).
Assumiu a liderança da resistência pernambucana o senhor de engenho, João Fernandes Vieira, aclamado “governador da liberdade,” por seus companheiros de luta. Após alguns revezes impostos aos invasores, João Fernandes Vieira tor- nou-se o alvo principal dos holandeses que queriam prendê-lo a todo o custo.
Para escapar dos inimigos, João Fernandes Vieira, escondia-se no interior, mudando sempre de endereço.
Em junho de 1645 os holandeses armaram-se e saíram em perseguição ao chefe das nossas tropas. Partindo do Recife, eles ingressaram por São Lourenço da Mata, em busca de João Fernandes Vieira, que procurou fugir do inimigo.
Retirando-se mais para o interior nossas tropas chegaram ao Monte das Tabocas, assim chamado, por haver em suas encostas imenso tabocal.
Escondido no Monte com seus soldados e reforçado pelos índios aliados, João Fernandes Vieira, auxiliado pelo sargento-mor Dias Cardoso, experiente em guerrilhas de emboscadas, traçou um inteligente e perfeito plano de combate para enfrentar aos holandeses.
Na manhã de três de agosto as sentinelas brasileiras anunciaram a aproximação das tropas holandesas que vinham com toda fúria, tendo à frente uma multidão de índios. Vieira reuniu seus soldados e a eles se dirigiu com tom resoluto proferindo fortes palavras: “a sorte da nossa causa depende deste primeiro combate”. A causa, era a libertação de Pernambuco.
Uma hora da tarde do dia 3 de agosto de 1645, ocorreu a grande batalha. Os luso-brasileiros, usando a tática de emboscadas, atacavam e se afastavam, fugiam e investiam, atraindo e empurrando os invasores para dentro do tabocal. Resistindo e ludibriando os holandeses, nossos bravos soldados combateram ferozmente. Em um segundo momento eles conseguiram transpor o tabocal e marcharam em direção ao alto do monte, onde estava a força reserva de João Fernandes Vieira. Ferozmente nossa tropa caiu sobre o inimigo e após fortes combates, que duraram até ao anoitecer, nossos soldados conseguiram derrotar os holandeses que aproveitaram a escuridão da noite e fugiram apavorados sob torrencial chuva.
Narra a tradição, que durante os fortes combates, surgiram uma senhora com uma criança no braço, tendo ao lado um ancião barbudo com um cajado e eles além de alento, forneciam armas aos nossos bravos soldados. De acordo com a crença popular, seriam, Nossa Senhora com o Menino Jesus e Santo Antão. Essa mística narrativa, que só a fé explica, justifica a frase: “Em Tabocas, o céu e a terra uniram-se para gerar o Brasil”
No outro dia ao amanhecer, vendo que o inimigo havia realmente fugido, nossos bravos heróis, de joelhos, agradeceram a Deus e à Virgem de Nazaré, e gritaram três vezes em alta voz: “Viva a fé de Cristo e a liberdade. Vitória, vitória, vitória”. E logo, o grande chefe, João Fernandes Vieira, com o chapéu na mão, foi abraçando a todos os capitães e soldados, agradecendo-lhes e louvando-lhes o esforço e a coragem.
Nosso pequeno exército em formação, constituído de homens descalços, sem armamentos adequados, lutando com amor, de peito aberto, bateu as bem treinadas e bem armadas tropas holandesas.
A batalha do Monte das Tabocas, foi um marco na campanha da insurreição pernambucana. “Sem Tabocas, não haveria Guararapes”. Em Tabocas, germinou em nossa gente, o sentimento nativista e de pátria. Ali, originou-se o embrião do exército brasileiro.
Geomorfologia – A topografia da região é movimentada e irregular, principalmente em seu setor oeste, onde se fazem presentes os primeiros contra fortes da serra das Russas.
Na área urbana distingue-se, áreas situadas a altitudes elevadas, como as que abrangem os bairros residenciais do Livramento, Bela Vista, José Leal, Caiçara,Nossa Senhora do Amparo, Etc.
Hidrografia – O Município de Vitória de Santo Antão abrange porções superiores de importantes bacias hidrográficas da Zona da Mata do Estado de Pernambuco:
Bacia do Rio Tapacurá que corta o município e é um dos mais importantes afluentes do Capibaribe. Afluentes: Rio Natuba, Riacho Ronda, Pacas, Mocotó.
E as do Jaboatão que abastece a cidade de Moreno, Pirapama que nasce no município e pequena parte da Bacia do Rio Ipojuca servindo de limite com o município de Primavera.
Clima – O município se encontra na zona de transição climática dos tipos: Aws e As com ligeira predominância do segundo, quente e úmido com chuvas máximas de maio a agosto.
Vegetação – A mata úmida perenifólia, que caracteriza o município de Vitória de Santo Antão, é exuberante de folhagem verde escuro, rica em cipós.
Indústria – Os empreendimentos de pequeno porte são maioria no município, mas nos últimos anos a cidade tem se destacado como um dos maiores pólos industriais do nordeste brasileiro com a chegada de grandes indústrias: a Kraft Foods do Brasil, segunda maior no segmento de alimentos no Mundo, que produz os Sucos Tang, Fresh e Maguary, Chocolates da Lacta, entre outros; a Sadia, detentora de uma fatia considerável do mercado brasileiro de produtos derivados de animais; a Destilaria JB, grande produtora de álcool e açúcar; ISOESTE, grande fabricante de telhas térmicas do país; PITÚ, conhecida internacionalmente pela aguardente que produz, e que é a principal referência industrial de Vitória de Santo Antão, por sua tradição há mais de 70 anos; a Companhia Industrial de Vidros; Tintas Anjo, recém inaugurada, assim como a empresa alemã MC Balshemie, e outras ainda em fase de construção como Elcomma Computadores, Ventisol Ventiladores, Metalfrio Refrigeradores, entre outras.
Comércio – O comércio de Vitória destaca-se também no ramo automobilístico, com vendas de peças de motos, carros e fabricação de trios elétricos para todo o país. O comércio de Vitória possui um leque em oportunidades e sortimentos para a população, tornando-se praticamente independente da capital pernambucana, devendo ter um grande acréscimo com a chegada do VITÓRIA PARK SHOPPING, único shopping de Pernambuco com hotel integrado e que contará com 3 cinemas e importantes redes de lojas como Marisa, Americanas, Riachuelo, Nagem Informática e outras.
Feira Livre – situada nas ruas adjacentes à Praça Duque de Caxias e da Rua André Vidal de Negreiros e funcionando de segunda a sexta e geralmente com maior movimentação aos sábados, a feira livre de Vitória constitui-se hoje, pela comercialização por profissionais autônomos de artigos de confecção, produtos agrícolas, matérias e utensílios domésticos e artesanato, importante ponto comercial da cidade. A feira Livre de Vitória é uma das que possuem a maior diversificação de produtos da região, vindo pessoas inclusive de outros municípios circunvizinhos: Gloria do Goitá, Escada, Pombos, para comercializar seus produtos na feira.
Agricultura – Na agricultura: constantemente técnicos e cientistas da UFRPE analisam a agricultura local trazendo novas técnicas de plantio para pequenos agricultores da região. O destaque no setor são os distritos de Natuba e Pirituba, com o plantio de frutas verduras e hortaliças, abastecendo não só Vitória como também a capital pernambucana e outras regiões. Outro destaque é o Instituto Federal de Pernambuco (Antiga Escola Agrotécnica Federal), que tem como objetivo capacitar a nível técnico jovens não só de Vitória como também de toda a região. Também merece destaque o plantio de cana de açúcar e a fabricação de álcool e açúcar nas usinas do município.
Arquitetura – A arquitetura de Vitória de Santo Antão foi refletida diretamente da característica histórica que a cidade possui. Com o tempo as construções centenárias do local, foram infelizmente modificadas e até destruídas, sacrificando assim, a memória de um povo que já deu tanto valor a esta frutuosa terra.
Obras históricas:
Sobradinho Mourisco (Rua Imperial, 81): considerado o único remanescente da povoação de Santo Antão da Mata. Prédio de Taipa, datado do início do século XVIII. Hoje infelizmente não é aberto a visitação, sua estrutura há muito tempo não é verificada. Embora seja a atual sede da Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciência, que, juntamente com o Instituto Histórico e Geográfico vem reclamando a reforma do local.
Estação Ferroviária: construído em 1886, já funcionou como 1ª parada de desembarque de passageiros e cargas com destino Recife-Caruaru. Hoje o prédio encontra-se conservado e aberto a visitações, onde funciona uma biblioteca e algumas oficinas culturais.
Instituto Histórico e Geográfico: verdadeiro cartão-postal da cidade da Vitória de Santo Antão, localizado a Rua Imperial 187, no bairro da Matriz. O prédio serviu de hospedagem a família Imperial Dom Pedro II e D. Teresa Cristina em 1859 em visita ao Estado. Erguido em 1851, o prédio chama atenção por seu revestimento em azulejo decorado.Fundado em dia 19 de novembro de 1950 é uma sociedade civil, de caráter cívico e cultural, sem fins lucrativos.
Açougue municipal: construído pela câmara municipal e inaugurado por ela no dia 6 de novembro de novembro de 1856. O açougue municipal é um espaço amplo com arquitetura caracterizada por arcos no seu interior. Hoje é um espaço muito mau tratado e seus banheiros se encontram em péssimo estado.
Mercado de Farinha:construção do ano de 1913, este edifício possui características idênticas ao do Açougue Municipal, com arcos no seu interior. Hoje se encontra arrodeado por barracas que comprometem sua fachada exterior;
Monumento do Leão Coroado: reagindo à ordem de prisão que, pessoalmente, lhe dera o Brigadeiro português Barbosa de Castro, o Capitão da Artilharia José de Barros Lima matou-o com a sua espada, no quartel do Regimento, no dia 6 de março de 1817, motivando, com esse gesto ousado, o início da revolução republicana deflagrada em Pernambuco naquela data. Recebeu ele a alcunha (apelido) de “Leão Coroado”. Ao comemorar, em 1917, o centenário desse memorável episódio da história pernambucana, o governo municipal da Vitória, então exercido pelo prefeito Eurico Valois denominou Praça Leão Coroado o antigo Largo da estação ferroviária com um monumento de um atleta, coroado com louros, subjugando possante leão, em homenagem ao bravo patriota de 1817, trabalho executado pelo escultor Bibiano Silva.
Monumento do Centenário em homenagem a Jesus Cristo – Ao encerrar-se o século XIX, grandes homenagens foram prestadas a Nosso senhor Jesus Cristo, por toda comunidade católica.
Sitio Histórico Monte das Tabocas– O Monte das Tabocas é uma área de aproximadamente 11 hectares, onde em 3 de agosto de 1645 foi palco de celebre batalha entre os luso-brasileiros e os holandeses os luso-brasileiros escusaram os holandeses do local. Os primeiros liderados por Antonio Dias Cardoso e João Fernandes Vieira entrincheirados nas partes altas e protegidos pelos tabocais, derrotaram os flamengos.Cumprindo a promessa feita por Fernandes Vieira, foi inaugurado no dia 3 de agosto de 1945, dia do tricentenário da Batalha das Tabocas, a Capela de Nossa Senhora de Nazaré, construída com pedras do local.Em 9 de novembro de 1978, foi assinada uma escritura de desapropriação de parte da área que circunda o espigão principal. Na época da batalha a vegetação era composta por imensos bambuzais, sinônimo de tabocais, daí o lugar chamar-se Monte das Tabocas. Outra riqueza no Local era Pau-Brasil. Em 11 de março de 1986 o Governo estadual homologou o tombamento do sítio histórico.
Exibir mapa ampliado
Imagens a partir do Google Maps
Prefeitura Municipal da Vitória de Santo Antão
Informações- Rua Demócrito Cavalcanti, 144
- Livramento 55.612-010
- Pernambuco
- Telefone: (81) 3523-1120
- Email: [email protected]